domingo, 7 de fevereiro de 2010

Física vs. Vida Real, parte II

Não, antes que me perguntem, eu não tenho nenhuma implicância particular com a Física. Na escola, inclusive, sempre foi uma das minhas matérias preferidas. Mas quando você assiste Lost, você acaba pensando mais do que o saudável em viagens no tempo e universos paralelos, portanto, em Física. De quando em quando, então, acaba saindo uma analogia curiosa.

Vocês já notaram como somos gigantescos? Realmente muito grandes? Se você, leitor, for um físico vai responder: blábláblá, depende do referencial, blábláblá.

Daí eu respondo, exatamente, meu caro!

Se você comparar o seu corpo, paciente leitor, com o de um bactéria, você vai parecer obviamente gigantesco. Já se você comparar com o tamanho do universo... Parecerá minúsculos, certo?

Errado, pra mim, está errado.

Tente imaginar o tamanho do universo. É difícil, praticamente ininteligível. Estudiosos afirmam que o universo real é muito maior que o universo visível. O diâmetro do universo observável é de pelo menos 93 bilhões de anos luz, cerca de 8,80x 10 26 m². Difícil de imaginar... Há divergências entre os cientistas se o universo é finito ou infinito.

Agora, tente imaginar todos os pensamentos que você já teve durante toda a sua vida. Impossível, já que você se esqueceu da grande maioria deles. Mas façamos uma estimativa. Pense na quantidade de pensamentos que você pode ter em um dia comum, que já são inúmeros. Imagine os mais simples – como uma observação sobre o tempo, um pensamento fugaz sobre aquele professor irritante ou sobre aquela sua paquera –, como pequenas bolas de gude. Os pensamentos de complexidade mediana – preocupações com provas da faculdade, planos para sua carreira, escolha de um livro para ler – pense como bolas de tênis. Os pensamentos mais complexos e profundos – reflexões sobre o seu futuro, o sentido da sua vida, a felicidade, o amor – são bolas de futebol, ou esferas ainda maiores.

Acrescente a esse conjugado de pensamentos do seu dia os sentimentos – a raiva, a amizade, a tristeza, a saudade, a inveja, a paixão, o amor – como forças interligando essas esferas, relacionando-as, movimentando-as como numa dança. Eu escolho aquele romance para ler porque estou apaixonada por fulaninho, mas não posso ler agora porque tenho que estudar para a prova daquele professor irritante, etc.

Então, para deixar tudo ainda mais bagunçado, pense naqueles instintos e sensações mais carnais – a fome, a auto-proteção, a dor, o impulso sexual – como esferas pequenas, mas muito impertinentes, que vez por outra colidem com nossos pensamentos, modificando-os e, conseqüentemente, mexendo com a força entre eles, os nossos sentimentos.

Sem demora, pense nos sonhos que você teve esse dia. Muitos não lembram, mas sonhamos diversas vezes por noite. Imagine esses sonhos como emaranhados de pensamentos, sentimentos e instintos incompreensíveis: buracos negros, pontos do nosso ‘pequeno’ universo que nem mesmo nós podemos alcançar.

Devo lembrar-lo, caro leitor, que esse universo que imaginamos juntos é o que acontece dentro de você durante um único dia. Multiplique, agora, por todos os dias de sua vida.

Pois é, gigantesco, não? E está em expansão, exatamente como o universo lá fora. Ainda acha que somos pequenos?

É necessária a lembrança de que esse universo gigantesco não existe apenas dentro de você, mas dentro de mim, dentro do seu vizinho, do seu melhor amigo (e de todos os outros também), do seu namorado ou namorada, da sua desavença, da sua tia irritante, do seu professor pé no saco, das pessoas desconhecidas na rua. Somos, atualmente cerca de 7 bilhões de universos gigantescos vivendo no mesmo planetinha minúsculo.

Então, ou paramos com essa história que dois corpos (ou cerca de 7 bilhões de universos) não ocupam o mesmo lugar no espaço, ou temos que começar a imaginar que somos todos universos paralelos convivendo diariamente e dizendo bom dia todas as manhãs.

Um comentário:

  1. lol!! Very Interesting!! Muitíssmo inteligente e ... consequentemente viajado em Lost. Claro! kkkk;;; mas gostei!

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